quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Leão de Sete Cabeças (1970)


SINOPSE

Nas palavras de Glauber Rocha, “é uma história geral do colonialismo euro-americano na África, uma epopéia africana, preocupada em pensar do ponto de vista do homem do Terceiro Mundo, por oposição aos filmes comerciais que tratam de safaris, ao tipo de concepção dos brancos em relação àquele continente”. A Besta (Rassimov) é a Europa colonialista, protegida pelo imperialismo norte-americano (Tinti) e por um ex-nazista (Koldhoffer). Um pregador perdido pela África (Léaud) transita entre um revolucionário (Brogi), um líder local chamado Zumbi (Baiack) e a elite colaboracionista representada por Xobu (Segolo).


FICHA TECNICA

Título original: Der Leone Have Sept Cabeças
Lançamento: 1970 (Congo)
Direção: Glauber Rocha
Roteiro: Glauber Rocha / Gianni Amico
Gênero: Drama
Duração: 103 min
Tipo: Longa-metragem

Elenco:
Baiack …………… Zumbi
Aldo Bixio ……….. Mercenário
Giulio Brogi ……… Pablo
Hugo Carvana ……… Português
Jean-Pierre Léaud …… Pregador








domingo, 12 de maio de 2013

Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano (2009)


SINOPSE

Documentário que propõe traçar um panorama da música popular brasileira por meio da trajetória do grupo Novos Baianos. As décadas de 60 e 70 ambientam o estilo de vida dos músicos influenciados pelo compositor João Gilberto. 

O longa-metragem evidencia também o reflexo da ditadura militar nas referências musicais da época. Cultura e contracultura, carnaval, futebol e tropicalismo são alguns dos temas pelos quais passeia a narrativa, dirigida por Henrique Dantas.

Informações do filme:
Gênero: Documentário
Diretor: Henrique Dantas 
Duração: 74 minutos
Ano de Lançamento: 2009
País de Origem: Brasil
Idioma do Áudio: Português
Qualidade de Vídeo: TV Rip
Vídeo Codec: XviD
Tamanho: 685 Mb
Legendas: Sem Legenda







O Ultimo Imperador (1987)


SINOPSE

O aclamado diretor italiano Bernardo Bertolucci nos brinda com esta grandiosa adaptação da história real de Pu Yi, último imperador chinês, deposto no século XX quando um golpe revolucionário fez surgir a república na China. Nomeado imperador aos três anos de idade, Pu Yi viveu enclausurado na Cidade Proibida até os 24 anos quando foi forçado a abandonar o luxo e a segurança da realeza, passando a vivenciar as dificuldades e os sonhos daquele novo mundo além das muralhas do palácio. Tendo como pano de fundo as transformações políticas e sociais que atingiram a China entre o final do século XiX e a instituição do governo socialista de Ma Tse Tung em 1949, O Último Imperador ganhou vários prêmios entre eles quatro Globos de Ouro e nove Oscars (Melhor filme, diretor, fotografia, direção de arte, figurino, edição, trilha sonora, som e roteiro adaptado).


FICHA TECNICA

Título no Brasil: O Último Imperador
Título Original: The Last Emperor
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 165 minutos
Ano de Lançamento: 1987
Direção: Bernardo Bertolucci





Beleza Roubada (1996)


SINOPSE
Após o suicídio de sua mãe, Lucy, uma garota americana de 19 anos, viaja para a Itália onde irá passar um tempo com velhos amigos da família. Lucy tem dois objetivos: descobrir quem é seu verdadeiro pai e rever um antigo namorado para quem tem se guardado esse tempo todo. O espírito inocente e jovem de Lucy provoca em todos uma profunda agitação. Ela se torna uma fonte de alegria e o principal assunto das refeições quando para espanto geralm descobrem que ela ainda é virgem. Mas Lucy encontra seu primeiro amor e no meio de tantas mudanças, desvenda a verdadeira identidade de seu pai.


FICHA TECNICA

Título no Brasil:  Beleza Roubada
Título Original:  Stealing Beauty
País de Origem:  Itália / França / Reino Unido
Gênero:  Romance
Tempo de Duração: 114 minutos
Ano de Lançamento:  1996
Estúdio/Distrib.:  Spectra Nova
Direção:  Bernardo Bertolucci







Assédio (1998)


SINOPSE

Tudo começa na África, quando uma mulher vê um grupo de militares entrar em uma escola e prender um professor. Logo depois, a ação se transporta para Roma, onde a mesma jovem cursa medicina e trabalha para um pianista inglês. Ela cuida da enorme casa em troca de um teto para morar. Tímido, o músico não troca palavras com Shandurai (Thandie Newton) – é esse o nome da moça –, mas se apaixona por ela. A partir daí, ele começa um jogo de sedução que inclui presentes, flores e, claro, música. Tudo poderia correr bem para o pianista Kinsky (David Thewlis), não fosse um detalhe: a jovem africana é casada. Seu marido é justamente aquele professor preso anteriormente. Angustiada e dividida entre o amor ao marido e o interesse do músico, ela faz um pedido ao tímido instrumentista: se é verdade que ele realmente a ama, que tente libertar o professor preso.

FICHA TECNICA 

Título original: (Besieged)
Lançamento: 1998 (França, Itália)
Direção: Bernardo Bertolucci
Atores: Thandie Newton, David Thewlis, Claudio Santamaria, John C. Ojwang.
Duração: 92 min
Gênero: Drama






Tess - Uma Lição de Vida (1979)



SINOPSE

Baseado no romance de Thomas Hardy, Tess (Nastassja Kinski) é uma jovem que foi enviada para morar com parentes nobres distantes. Lá, ela é seduzida e abandonada por seu primo. De volta a fazenda onde morava, Tess terá que enfrentar a discriminação e a hipocrisia da sociedade diante sua gravidez inesperada. Vencedor de três Oscar e indicado a outras três categorias, incluindo Melhor Filme.

Ficha do Filme:
Título original:(Tess)
Título no Brasil: Tess - Uma Lição de Vida
Lançamento: 1979
Direção: Roman Polanski
Gênero: Drama/Romance
Origem: França/Reino Unido
Duração: 172 minutos





Amor e Raiva (1969)


SINOPSE

Cinco histórias contemporâneas de uma época que revolucionou o mundo. Filme em episódios dirigido por Marco Belocchio, Pier Paolo Pasolini, Bernardo Bertolucci, Jean-Luc Godard e Carlo Lizzani.

FICHA TECNICA
Direção: Bernardo Bertolucci, Jean-Luc Godard, Pier Paolo Pasolini, Marco Bellocchio, Carlo Lizzani, Elda Tattoli
Roteiro: Puccio Pucci (histórias), Piero Badalassi (histórias), Jean-Luc Godard (história e roteiro), Marco Bellocchio (história e roteiro), Carlo Lizzani (roteiro), Pier Paolo Pasolini (roteiro), Bernardo Bertolucci (roteiro)
Gênero: Drama
Origem: França/Itália
Duração: 102 minutos
Tipo: Longa-metragem






O Lado Escuro do Coração (1992)


SINOPSE

Oliveiro é um jovem poeta que vive em Buenos Aires, Argentina. Mas somente a poesia não lhe sustenta e, algumas vezes, para poder sobreviver, é obrigado a vender suas idéias para uma agência de publicidade. Um dia, em Montevideo, no Uruguai, ele conhece a prostituta Ana, por quem se apaixona. Ana fará com que a vida de Oliveiro tome um novo rumo. No Festival de Gramado, em 1993, Eliseo Subiela ficou com o prêmio de melhor diretor por “O lado escuro do coração”, que arrebatou ainda os prêmios de melhor ator, Dario Grandinetti, e melhor música, de Osvaldo Montes.


FICHA TECNICA

Diretor: Eliseo Subiela
Elenco: Darío Grandinetti, Sandra Ballesteros, Nacha Guevara, André Mélançon, Jean Pierre Reguerraz, Mónica Galán, Inés Vernengo, Marisa Aguilera
Título Nacional: O Lado escuro do Coração
Título Original: El Lado oscuro del corazón
Título Alternativo: The Dark Side of the Heart
Roteiro: Eliseo Subiela, baseado nos poemas de Mario Benedetti, Juan Gelman e Oliverio Girondo
Estúdio: CQ3 Films, Max Films Productions
Produção: Roger Frappier
Fotografia: Hugo Colace
Trilha: Osvaldo Montes
Duração: 127 minutos
Ano: 1992







Trainspotting (1996)


SINOPSE

Em Edimburgo, na Escócia, vive Renton (Ewan McGregor), um jovem usuário de heroína que leva uma vida despreocupada, dividindo-se entre seu romance com a estudante colegial Diane (Kelly Macdonald) e os encontros com seus quatro amigos viciados: Sick Boy, (Jonny Lee Miller) Um imoral desenhista de HQs fanático por Sean Connery; Tommy (Kevin McKidd), um atleta responsável; Spud (Ewen Bremner), um bobalhão de bom coração e Begbie (Robert Carlyle), um violento sociopata.

FICHA TÉCNICA

Diretor: Danny Boyle
Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Robert Carlyle, Kelly MacDonald.
Produção: Andrew MacDonald
Roteiro: John Hodge
Fotografia: Brian Tufano
Duração: 94 min.
Ano: 1996
País: Inglaterra
Gênero: Drama
Cor: Colorido





Império dos Sonhos (2006)


SINOPSE

Nick Grace é uma atriz casada que é convidada para fazer um filme dirigido por Kingsley Stewart. Será a refilmagem de uma produção polonesa cujos protagonistas morreram durante as gravações. Aos poucos ela vai se envolvendo com o ator principal do filme. Inicia-se então uma trama em que a realidade e a ficção se misturam.

Ano: 2006
Direção: David Lynch
Duração: 179 minutos
País: França/Polônia/EUA





Harakiri (1919)


SINOPSE

Fritz Lang realizou este drama entre as filmagens da primeira e da segunda partes da série de aventuras "Die Spinnen" (As Aranhas). Harakiri conta a história de uma jovem japonesa, interpretada por Lil Dagover, que se apaixona por um oficial americano.

Ano: 1919
Direção: Fritz Lang
Duração: 80 minutos
País: Japão




L´Apollonide - Os Amores da casa de Tolerância (2011)


SINOPSE

Início do século XX: o bordel L’Apollonide está vivendo seus últimos dias. Neste mundo fechado, onde alguns homens se apaixonam e outros se tornam viciosamente dependentes, as garotas dividem seus segredos, seus medos e suas dores.

Ano: 2011
Direção: Bertrand Bonello
País: França
Duração: 125 minutos






O Olho do Diabo (1960)


O inferno está em polvorosa por causa de um terçol no olho do diabo. A causa do mal é terrena: a virgindade de uma jovem de 20 anos prestes a se casar. Diante disso, o diabo envia Don Juan para tentar a moça e evitar que ela chegue casta ao casamento.

Ano: 1960
Diretor: Ingmar Bergman
País: Suécia
Duração: 87 minutos






O Tumulo do Indio (1959)


SINOPSE

A pedido do Marajá, um arquiteto europeu viaja até à Índia para construir um monumento, mas quando chega ao país descobre que as intenções do Marajá não tão inocentes quanto pensava.

FICHA TECNICA


Titulo Original: Der Tiger von Eschnapur
Produção:Central Cinema Company Film, Rizzoli Film, Regina Production, Critérion Film
Itália / França / Alemanhã, 1959, 101 min.
Realizador: Fritz Lang
Argumento: Fritz Lang, Werner Jörg Lüddecke, Thea von Harbou, baseado no romance de Thea von Harbou


CURIOSIDADES:


Após mais de 20 anos a trabalhar em Hollywood, o realizador Fritz Lang (Metrópolis, Matou!) sentia-se descontente com as restrições do studio system e arranjar trabalho tornou-se cada vez mais difícil. Quando o produtor alemão Artur Brauner mostrou interesse em fazer um remake de O Túmulo do Índio (1921), Lang aceitou de bom agrado regressar à sua Alemanha natal.
Fritz Lang tinha escrito, em conjunto com a sua mulher Thea von Harbou, o argumento de O Túmulo do Índio original e que o realizador pretendia, na altura, realizar. Mas o argumento foi lhe retirado pelo produtor Joe May, que acabou por realizar o filme. Ao regressar à história, 38 anos depois, Lang optou, não por fazer um remake fiel ao original, mas sim realizar um filme mais ambicioso e exótico, que vive dos cenários naturais da Índia, de cores vibrantes e da actriz Debra Paget.
O resultado final foi o mais caro filme da história do cinema alemão, financiado por três países e com um total de 204 minutos. De forma a permitir mais sessões, o filme foi “dividido” em duas partes: este O Túmulo do Índio e Túmulo Índio, estreados com apenas quatro meses de intervalo. Embora não tenham sido um estrondoso sucesso, os filmes foram bem recebidos pelo público e ajudaram a revitalizar uma moribunda cinematografia alemã do pós-guerra. Com o tempo, O Túmulo do Índio e Túmulo Índio foram ganhando o seu espaço e tornaram-se filmes de culto, particularmente na Alemanha, graças a sucessivas transmissões televisivas.




Mamute (2010)


SINOPSE

Serge (Gérard Depardieu), operário desempregado que precisa reunir documentos para poder se aposentar. Montado em sua antiga moto dos anos 70, ele inicia uma jornada em busca de seus antigos empregadores e acaba visitando os lugares de sua infância, encontrando com velhos amigos, parentes e com o fantasma de seu grande amor. 

FICHA TECNICA

Diretor: Gustave de Kervern, Benoît Delépine
Áudio: Francês
Legendas: Português 
Duração: 92 min
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 700 MB
Servidor: Torrent




Contos da Lua Vaga (1953)



SINOPSE 

Obra-prima do cinema fantástico, o filme é uma fábula passada no século XVI em um Japão feudal violento durante a sangrenta guerra civil e conta a história de um fazendeiro que quer ser samurai e de perseguições de fantasmas. Realizada pelo mestre japonês Kenji Mizoguchi cheio de atmosfera e força, é um dos mais importantes filmes da história do cinema e um belo exemplo do cinema japonês clássico.Ganhou o Leão de Prata no festival de Veneza de 1953.

FICHA TECNICA

Título no Brasil:  Contos da Lua Vaga
Título Original:  Ugetsu monogatari
País de Origem:  Japão
Gênero:  Drama
Tempo de Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento:  1953
Direção:  Kenji Mizoguchi 





Police (1985)


SINOPSE

História de um policial que se envolve com uma jovem atraente ligada a criminosos, os mesmos que ele está investigando.

FICHA TÉCNICA

Diretor: Maurice Pialat
Elenco: Gérard Depardieu, Sophie Marceau, Richard Anconina, Sandrine Bonnaire, Pascale Rocard.
Duração: 113 min.
Ano: 1985
País: França
Gênero: Policial
Cor: Colorido









CRITICA

"Police é um filme realizado por Maurice Pialat em 1985. Nomeado para os Césares. Depardieu venceu no Festival de Cinema de Veneza o prêmio de melhor ator pelo seu desempenho do polícia Mangin."


"Logo em sua sequência inicial, Polícia nos faz lembrar de seriados televisivos recentes, em especial o aclamado The Wire, produzido pelo canal HBO entre 2002 e 2008. O estilo seco e direto impresso nesta obra por Maurice Pialat não encontra muitos paralelos no gênero em seu tempo, mesmo entre exemplares de polars (policiais) franceses surgidos a partir da década de 70, que por costume são ainda mais agressivos e politicamente incorretos do que os modelos made in USA mais famosos e imitados (Perseguidor Implacável, Operação França). Fazendo uso de uma tática que se tornaria padrão na televisão duas décadas mais tarde, Pialat investe com afinco nos personagens, tratando-os como seres de carne e osso, ao invés de perder tempo e repetir todo o procedimento padrão neste tipo de história – policiais de um lado e bandidos do outro, brigas com superiores, o conflito da moral e da ética…

Partindo de uma ideia original de Catherine Breillat (do período em que ela ficou quase dez anos sem dirigir um único filme), Polícia trabalha com um realismo brutal, onde policiais e bandidos apresentam inúmeras facetas, mesmo quando fazem aquilo que se espera deles. O Inspetor Mangin (Gérard Depardieu) pode perfeitamente prender e fichar um suspeito por pura intuição ou desejo, apesar da dúvida que acomete a vítima do crime, sem qualquer condenação posterior para si. Também é capaz de assediar sexualmente ou tripudiar de uma agente em treinamento, sua possível superior em pouco tempo, sem problema algum. Mais tarde, evita entrar em conflito com uma figura que agrediu a mesma agente na rua, talvez porque não seja inteligente desafiar este homem misterioso.

Se os policiais ultrapassam a linha imaginária que separa a atitude policial do uso abusivo do poder, os bandidos por possuírem ligação familiar ou raízes em comum, demonstram um padrão mais elevado de comportamento a despeito de suas atividades ilícitas. Vão preferir o diálogo à violência, menos quando um membro menor do grupo age como informante para a polícia a fim de abrandar sua pena. A sentença para este soldado desonrado só pode ser a morte. Quem transita entre os dois grupos é o advogado Lambert (Richard Anconina), amigo pessoal de Mangin e que tambpem mantém laços de confiança com quadrilha de traficantes de drogas, pois afinal, ele é um advogado honesto que faz o que sua profissão manda e com isso aumenta a proximidade dos dois mundos.

Quase nenhum dos criminosos traz um nome que o associe com suas origens árabes, com exceção de Noria (Sophie Marceau, em um de seus primeiros papéis), uma gaulesa de aparência caucasiana. Envolvida com os bandidos, ela se tornará o objeto de desejo de Mangin, um homem de atitudes ásperas quando travestido de oficial da lei, mas que esconde por trás disso um perfil de fragilidade e carência afetiva, demonstrado quando passa uma noite com uma prostituta que também lhe serve como informante. A câmera de Pialat evita mostrar o ato sexual, preferindo se afastar, captando apenas a insuspeita timidez ou falta de jeito de Mangin. Ele trata Noria com rispidez dentro da delegacia, chega até a agredir a moça ao interrogá-la, mas quando longe deste ambiente, passa a cortejá-la, deixando aflorar seus sentimentos para com esta mulher. Noria será o oposto de Mangin. De aparência frágil de início, ela apresentará depois como a femme fatale do filme, com uma personalidade manipuladora e gélida, contrastando com o vulcão de emoções que é o inspetor.

Trabalhando pela primeira vez com um típico cinema de gênero, Pialat foge das convenções, escolhendo focar o olhar no relacionamento dos personagens. A própria investigação em relação aos traficantes é deixada em segundo plano, não há cenas de perseguição de carro e um único tiro é disparado durante toda a duração do longa. Se hoje o público está acostumado com séries como The Wire ou The Shield, imagina-se o estranhamento que Polícia provocou na metade da década de 1980. Exemplares americanos iconoclatas vieram a seguir, como Viver e Morrer em Los Angeles e Homicídio, mas nada tão radical. Mesmo sem a certeza de que William Friedkin ou David Mamet tiveram a oportunidade de conferir Polícia em seu lançamento nos cinemas, podemos dizer que o gênero policial se divide em antes e depois da obra-prima de Pialat."

Fonte: Leandro Caraça



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sábado, 11 de maio de 2013

Z (1969)


SINOPSE

Conheça o caso Lambrakis, onde a morte de um político foi encoberta vergonhosamente por políticos e policiais, na Grécia dos anos 60. Vencedor dos Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Edição, foi o primeiro filme a ser indicado também na categoria Melhor Filme – fato que, até hoje, só se repetiu com A Vida é Bela e O Tigre e o Dragão.


FICHA TECNICA

Título Orignal: Z
Direção: Costa-Gavras
Roteiro: Vasilis Vasilikos, Jorge Semprún, Costa-Gavras (não-creditado)
Gênero: Drama/Suspense
Origem: Argélia/França
Duração: 127 minutos
Tipo: Longa-metragem
Diálogo: Francês/Russo
Legenda: PT-BR
Cor: Colorido






Les fruits de la passion (1981)


SINOPSE

Erotismo 'softcore' baseado na seqüência de "A História de Ó", intitulada "Retorno a Roissy", de Pauline Reage. Kinski testa a submissão de sua amante em um bordel oriental, no final dos anos 20. O cenário político da época serve de pano de fundo para os devaneios sexuais do casal.


Emperor Tomato Ketchup (1971)



Poet, playright, theatre director, filmmaker, essayist, agitator and lover of all things anarchistic, chaotic, and truthful, SHUJI TERAYAMA (1936-1983) is one of Japan?s most revered and respected artists. In the heady and extremist Japanese art scene of the late 70s, Terayama created a number of unforgettable and highly controversial films. EMPEROR TOMATO KETCHUP is his epic, sexually revolutionary and hallucinatory work from 1972 in which "magical women act as the initiatory, yet protectively maternal sexual partners to children. The children, in revolt, have condemned their parents to death for depriving them of self-expression and sexual freedom; they create a society in which fairies and sex education are equally important and literally combinable." (Amos Vogel, Film as a Subversive Art). Featuring decadent, playful and disturbing episodes which seem to be drawn from the theatrical improvisations of Terayama's "troupe", EMPEROR TOMATO KETCHUP is a strange and breathtaking exploration of taboo and self-determination.



Throw away your books, Go out into the streets (1971)


In this highly political Japanese film, a family's disintegration is shown as an analogy for the Japanese descent into heartless materialism. Though his family members have resigned themselves to their downward spiral both socially and economically, the son of the household has not. He is ambitious to attain something and to strike out on his own. What happens instead is that he grows increasingly disillusioned about his life and his world.


Noites de Cabíria (1957)


SINOPSE

Cabiria é uma prostituta baixinha e elétrica que vaga nas ruas de Roma, procurando um verdadeiro amor, mas sempre se decepcionando. Após ter tentado tudo, inclusive ajuda divina, achará ela o pretendente dos sonhos?

Título original: Le Notti di Cabiria
Lançamento: 1956 (EUA / Itália)
Direção: Federico Fellini
Roteiro: Federico Fellini / Ennio Flaiano / Tullio Pinelli /
Pier Paolo Pasolini / Maria Molinari (romance)
Gênero: Drama
Duração: 117 min
Tipo: Longa-metragem





Conde Drácula (1970)


Jess Franco's version of the Bram Stoker classic has Count Dracula as an old man who grows younger whenever he dines on the blood of young maidens.



La noche de Los Asesinos (1974)



SINOPSE

Horror mystery about the residents of a Louisiana castle who are being murdered by a masked killer. When the family arrives for the reading of Marion's will, his wife is strapped to the face of a cliff and drowned by the tide. More murders follow, and as Inspector Bore (Vicente Roca) investigates, he discovers some dark secrets in the family's past. 



Robinson And His Wild Slavegirls (1971)


Poor old Robinson who is boring at home with a terrible mother-in-law and an annoying housewife, and at work too. One day, he decides to retire from urban life with 3 very nice girls on an island. But beware of the awful cannibals !!!!

French starlet Anne Libert is playing one of the nude girl on the Robinson Island (she was in a lot of Franco movies at this time), and Howard Vernon is playing a not so very frightening cannibal, saying word like "Agagagag" & "hououou". A lot of silly fun to be had. The monkey was hilarious.




Faster, Pussycat! Kill! Kill! (1965)


SINOPSE

Faster, Pussycat! Kill! Kill! é um filme estadunidense de 1965 do subgênero exploitation dirigido por Russ Meyer.
Três go-go dancers, Billie (Lori Williams), Rosie (Haji), e sua líder, Varla (Tura Satana), encontram um jovem casal no deserto, enquanto correm com seus carros esportivos. Depois de matar o rapaz (Ray Barlow) , Varla, seqüestra a garota (Susan Bernard). Em uma estrada deserta, as quatro encontram um posto de gasolina, onde elas vêem um homem velho (Stuart Lancaster) e seu filho, musculoso e estúpido, (Dennis Busch). O atendente do posto de gasolina (Mickey Foxx) diz às mulheres que o velho e seus dois filhos vivem numa fazenda decrépita com muito dinheiro escondido. Intrigada, Varla arquiteta um plano para roubar o velho, usando seu poder de sedução.

FICHA TECNICA

Título original: Faster, Pussycat! Kill! Kill!
Lançamento: 1965 (EUA)
Direção: Russ Meyer
Roteiro: Russ Meyer / Jack Moran
Gênero: Ação / Suspense
Duração: 83 min
Tipo: Longa-metragem






Orfeu Negro (1959)





SINOPSE

O mito de Orfeu e Eurídice é adaptado ao Rio de Janeiro no período do Carnaval. Nascida da obra de Vinícius de Morais, esta produção franco-brasileira mostrou com suas cores vibrantes um Rio de Janeiro de sonho. Tendo um elenco predominantemente de negros e a favela como cenário principal, “Orfeu Negro” ganhou a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro.

FICHA TECNICA


Ano: 1959 
Direção: Marcel Camus 
Título alternativo: Orfeu do Carnaval 
Roteiro: Marcel Camus, Jacques Viot, Vinícius de Morais (peça “Orfeu do Carnaval”) 
Elenco: Breno Mello, Marpessa Dawn, Lourdes de Oliveira, Marcel Camus, Fausto Guerzoni, Léa Garcia, demar Ferreira da Silva
País: França, Brasil, Itália 
Produção: Dispat Films, Gemma, Tupan Filmes, Sacha Gordine 
Fotografia: Jean Bourgoin 
Música: Luiz Bonfá e Antônio Carlos Jobim



Viagem ao Céu da Boca (1981)


No início dos anos 80 o Brasil viveu uma curiosa transição. À gradual abertura política somou-se certa ânsia de prazer, de sexo, plenamente traduzida em obras literárias lançadas ou escritas na época. "A Fúria do Corpo", obra-prima de João Gilberto Noll, é o exemplo mais crasso. No cinema, filmes antes proibidos como "Império dos Sentidos" e "Garganta Profunda" chegavam às telas e lotavam salas com adultos sedentos por um novo estilo de entretenimento, que hoje nos parece tão banalizado e vulgar, mas que para eles era êxtase, ouro: a pornografia.

Muito pode-se discutir o sentido ideológico da pornografia. Transgressão de costumes, espetáculo misógino, tédio criativo. Particularmente, fico com este último. Diferente do erotismo, no momento em que a pornografia deixa de ser tabu em um espetáculo cinematográfico vira fim em si, escravizando narrativa, elenco e câmera a seus caprichos e à sua avassaladora vontade. Quando observamos um filme pornográfico, o que temos geralmente não é cinema, mas utilização de certos elementos do cinema para a divulgação de sexo explícito.

Exceções existem, e em profusão. Vejam Tinto Brass; algumas produções francesas dos anos 70 estreladas por Brigite Lahaie; o drama sadomasoquista "The Punishment of Anne" aka "The Image"; etc. Mas são pérolas que subvertem o pornô clássico, cerceando-o a uma vontade artística e criativa maior. No Brasil, tivemos "Oh! Rebuceteio" e as melhores produções da Boca. Sem esquecermos que foi exatamente a penetração (ops!) no explícito que destruiu a mais fértil indústria cinematográfica da América Latina.

Considerado marco inicial do gênero no país, "Coisas Eróticas" (1981), de Rafaelle Rossi, venceu a disputa por um golpe de sorte. Acentuando a velha rivalidade Rio x São Paulo, ao mesmo tempo era rodado no outro lado da Via Dutra, no Beco da Fome, aquele que tinha a pretensão de pioneirismo comercial. Acontece que "Viagem ao Céu da Boca" (1981) mostrou-se tão absurdo, tão repugnante, que teve bem mais dificuldades para desembaraçar-se da censura que seu oponente.

Obscura, negada, jogada para debaixo do tapete, a história desse filme terrível precisava ser resgatada. Uma pessoa próxima da produção, que aceitou me conceder depoimento, afirmou ser este "um filme que não deve ser visto. Inclusive dá azar. Todo mundo que participou daquilo na época, depois teve muitas dificuldades na vida". A fonte pede anonimato. Brincadeira, exagero -- ou não -- "Viagem ao Céu da Boca" merece o epíteto de uma das produções brasileiras mais malditas de todos os tempos.

Quando finalmente foi liberado, em meados de 1983, o rival "Coisas Eróticas" já era lenda. Apelou-se então para uma publicidade sensacionalista, dando conta de que fora "exibido nos Estados Unidos, Europa e Japão com mais sucesso que Calígula". Invencionice tosca, pois, lançado em algum outro lugar que não as salas especiais das grandes metrópoles, este primor da demência humana seria certamente proibido, banido, e seus distribuidores chamados às vias legais. Mesmo em um período de frenética tolerância artística como a virada dos anos 80, quando o home video pornô transformava a indústria sexual norte-americana e européia em um pátio de milagres. Assistam a "Hardcore Life" (1979), dirigido por Paul Schrader, e entenderão melhor o que estou falando.

Mas o que há de tão horrível em "Viagem ao Céu da Boca"? Nos créditos, roteiro de José Louzeiro, música de Zé Rodrix, direção do pornochanchadeiro Roberto Mauro. Percebe-se no plot uma certa tentativa de crítica social. Na fotografia, iluminação de atmosfera onírica. Stella Valadão, filha de Jece, faz a continuidade. Onde mora, então, o horror de "Viagem ao Céu da Boca"?

Nas longas sequências de tortura, sadismo e pedofilia. No óbvio oportunismo do diretor, Roberto Mauro, em usar argumento de um dos melhores roteiristas do país, para toscamente arrombar as portas do permissivo com uma das piores produções da história do cinema mundial. Ao tentar inaugurar o explícito, Mauro inaugurava antes certa espécie de extremismo, como se quisesse iniciar a liberação de costumes pelo limite final da aceitação humana.

Dito assim, "Viagem ao Céu da Boca" pode parecer bastante divertido. Mas na maior parte do tempo transparece tedioso, refém dos jogos sexuais. Nilo Barra (Eduardo Black) é um bandido que invade a residência de Mara (Bianca Blond), grã-fina cujo marido está de férias e que mantém na casa, como agregada, o travesti Paula (Ângela Leclery, a mesma boneca do filme de Carlo Mossy, "O Sequestro"), amante do marido.

Aqui, a história pára. São 45 minutos de sevícias e aflições horrendas sobre a mulher e o travesti. Quando o espectador já não aguenta mais, quando se propõe ele mesmo a sair do cinema e ligar para a polícia, eis que surge Eisinha (Eliane Gomes), menina de doze ou treze anos, calçando patins, que se oferece voluntariamente para amante do bandido.

Nesse meio tempo, Paula parece ter batido as botas. Volta como uma pomba-gira desvairada, a câmera faz piruetas, efeitos luminosos piscam freneticamente, e, através dos poderes da macumba, dá um nó no pênis do malfeitor. Em seguida, o bandido desperta na prisão e começa a ser torturado por policiais. Tudo não passou de sonho -- ser algoz, em vez de vítima -- entre uma sessão e outra de tortura.

Dos bastidores desta saga, poucas histórias restam. A melhor delas é que Bianca Blond e Eduardo Black não se sentiam atraídos um pelo outro, e as cenas quase não puderam ser feitas. Outra, que o travesti Ângela Leclery foi escolhido por suas capacidades ativas e passivas, em uma seleção de elenco que contou com a fina flor do submundo carioca.

Por uma dessas razões do destino, nos últimos anos me tornei vizinha de José Louzeiro, suposto roteirista do filme. Quando concedeu entrevista sobre sua carreira para o Estranho Encontro, em maio de 2006, nem eu nem Louzeiro recordamos sobre "Viagem ao Céu da Boca". Nunca é tarde. Interfono para meu querido vizinho e lhe faço uma visita:

- Louzeiro, me fale um pouco sobre "Viagem ao Céu da Boca", aquela direção do Roberto Mauro, que você escreveu o roteiro.

- Escrevi um conto sobre assuntos eróticos para uma revista, não me lembro o nome, chamado "Viagem ao Céu da Boca", uma história bem sutil. Jamais pensei que fosse virar filme. Entre erotismo e sexo escrachado, a diferença vai bem longe. Acontece que o diretor da revista foi abordado por esse cidadão, Roberto Mauro, que eu não conhecia. Conversamos e não pedi referências do moço. Quando é um dia, encontro a atriz, e ela chorando. "Imagine, eu vim do Paraná, queria entrar pro cinema, e estou chocada, estou decepcionada."

- Então o filme já havia sido feito e você nem escreveu o roteiro?

- Não fiz o roteiro, nem sei quem fez. Era pra ter sido baseado no meu conto. Aí eu fui ver, já estava na fase de edição e fiquei horrorizado. Sexo da forma mais violenta, triste. Eu que não sou de briga, briguei. Disse pra ele tirar o meu nome daquela imundície, ele jurou que ia tirar e não tirou. Deixei de falar com esse cara. Parece que antes de morrer ele queria falar comigo, mas eu não quis. Era mal pagador, não me pagou um tostão, e o pior é que ele queria fazer outro filme. Uma experiência que eu lamento muito que tenha acontecido comigo. Até quero publicar um livro de contos e incluir este, para verem como deveria ter sido. Roberto Mauro foi um cineasta de triste memória, uma vergonha para a classe.

Uma das razões de "Viagem ao Céu da Boca" ser pouquíssimo divulgado passa pelo bom senso: lançado em circuito comercial naquele distante 1983, assistido por qualquer um que portasse carteira com idade legalmente maior, hoje o filme é um crime ambulante. "Coisas Eróticas", o outro pioneiro, pode ser tão aborrecido, mas atravessou as décadas domesticado, quase ingênuo.

Esforcei-me na pesquisa, com a certeza de que uma compreensão plena somente revivendo ânimos de outrora, quando produtores e diretores espertos aproveitavam a liberdade conquistada e metiam o pé na porta, empurrando um tigre para a liturgia dos sete gatinhos. Paradoxo histórico, o futuro tornou esses esforços nauseabundos cada vez mais tabus. Cada vez mais malditos. Para estômagos de aço, pois nem os fortes sobrevivem.

FONTE: Andrea Ormondi







Um Trem Para As Estrelas (1987)



SINOPSE

O jovem saxofonista Vinícius passa por diversas experiências pelas ruas do Rio de Janeiro enquanto procura por sua namorada desaparecida, após uma noite de amor. Durante essa busca, ele vivencia, pela cidade, violência, miséria e injustiças, sempre envolvido pela música.



Chuvas de Verão (1978)


"A vida não é como as águas do rio que passam sem descanso, nem como o sol que vai e volta sempre. A vida é uma chuva de verão, súbita e passageira, que se evapora ao cair."

Quando Isaura (Miriam Pires) lê para Afonso (Jofre Soares) a citação acima, o espectador já está completamente entregue a "Chuvas de Verão" (1978), obra-prima do diretor Carlos Diegues. Não utilizo a palavra "obra-prima" de forma leviana: aula de roteiro, direção, fotografia, e principalmente esforço interpretativo da própria Miriam, Jofre Soares, Rodolfo Arena e Loudes Mayer, transformaram -- passados trinta anos -- "Chuvas de Verão" em um dos melhores filmes do cinema brasileiro.

Ao revê-lo, muito impressiona como a arte fílmica nacional desaprendeu de lá pra cá, brutalizando o olhar atento e individualizado sobre o povo e a vida cotidiana em um arremedo de hipocrisia coletiva, superficialidade sociológica e terror bélico. Dói concluir que, apesar do salto no tempo, aquele subúrbio onírico de "Chuvas de Verão" ainda existe em algum lugar. Os personagens idem. Extinguiu-se, apenas, a vontade de retratá-los novamente.

Isso porque em "Chuvas de Verão" ninguém morre em nome do fetiche estético, a pobreza não busca expiações e a periferia não é tratada por um olhar infantilizante. No entanto, que bela crítica social é a figura de Afonso, um homem que dedicou toda vida à repartição, para em troca ser aposentado e receber como troféu uma caneta dourada. Obediente às normas, ciente dos seus deveres, Afonso jogou a vida fora. Está na hora de substituí-lo e devolvê-lo de pijama para uma casa pobre, onde como tantos esperará sozinho e resignado a morte.

Emulando um personagem qualquer do neo-realismo italiano, o homem velho sabe que viveu para nada. A partir dele fica claro que todos em volta habitam o mesmo dilema: a pianista fracassada, Dona Helô (Loudes Mayer), mãe de um inútil de 32 anos que nunca lhe dará netos; um ex-ponta esquerda do Bangu, que quase jogou no Vasco; o palhaço Guaraná (Rodolfo Arena), amigo de Afonso, que oculta um segredo terrível; e o x9 da polícia, Juracy (Paulo César Peréio), atuante na vizinhança como uma espécie de coringa.

É Juracy, conhecido como Pereba, quem dá as boas-vindas ao funcionário público depois da aposentadoria; é ele também que ajuda a filha de Seu Afonso, Dodora (Marieta Severo), a desmascarar a traição conjugal do marido; e será ele a apontar o dedo para o velho, que escondia em casa o bandido Lacraia (Luis Antonio), namorado da empregada Lurdinha (Cristina Aché). O drama do bandido Lacraia e o crime cometido pelo Palhaço Guaraná servem de informação ao público de que o roteiro não ignorava a violência urbana, tema já presente nos noticiários da época.

A vida futura de Afonso, depois da aposentadoria, resume-se a quatro dias. É cerceada imediatamente por funcionários da prefeitura, que derrubarão sua casa -- e o bairro tradicional -- para construírem um viaduto. O viaduto, metáfora da morte, da temporalidade, mas aceito de bom grado por Seu Afonso depois que concretiza a paixão reprimida por Isaura. Em um filme sobre a mediocridade, o sexo voluntarioso e libertário entre os dois velhos que bebem cerveja e escutam Francisco Alves não é chuva de verão: são águas de março, promessa de vida em resignados corações.

Cacá Diegues passou quase três anos escrevendo o roteiro, talvez para evitar que seu olhar de morador da zona sul -- alagoano de nascimento, foi criado em Botafogo -- contaminasse o espírito suburbano. De fato, chama atenção nos curtos 87 minutos de "Chuvas de Verão" a total ausência de estereótipos, e o despertar natural de uma empatia entre narrativa e público.

Sem qualquer julgamento por parte do diretor, a câmera apenas os observa. Somente Juracy, com suas frases de efeito ( "Eu tenho a cabeça boa, o que atrapalha é os pensamentos"), potencializado pelo tom excessivo e cativante de Paulo César Pereio, força a barra em um confronto. Os outros existem -- imperfeitos e observáveis.

A equipe passou semanas filmando em Marechal Hermes, zona norte do Rio, e em algumas outras locações da região, inclusive no Conjunto Habitacional Presidente Getúlio Vargas, Guadalupe, onde dez anos depois Cacá fez "Um Trem Para as Estrelas".

Moradia de Vina em "Um Trem Para as Estrelas" o popular Conjunto Deodoro aparece em "Chuvas de Verão" na cena da fuga de Lacraia, quando o motorista do táxi (Procópio Mariano) despeja um monólogo amargo, ilustrando em um desfile de impropérios a inutilidade da própria vida. O gordo Procópio, ator intuitivo e fabuloso, rouba a cena em entreato que deprime e exaspera.

"Chuvas de Verão" estaria no direito de ser, guardadas as ricas circunstâncias, uma experiência soturna, pesada. Pelo contrário, Cacá Diegues a conduz com tanta maestria e suavidade que terminamos o filme quase leves, felizes.

À verdade íntima de Seu Afonso, dos vizinhos, de cada um de nós, não importa a transitoriedade da vida e dos acontecimentos. Importa o que fazemos com eles, o almoço que preparamos para saciar nossa fome. Enquanto Dona Isaura após o sexo passa a usar vestidos claros, Carpe Diem, o aforismo do romano Horácio, cairia bem como resumo poético deste imperativo.